Recentemente vimos caso de petiscos contaminados com uma substância que levou à óbito alguns animais e deixou vários doentes. Para mim houve claramente uma falha no controle de qualidade. Na investigação, viu-se que a contaminação veio de uma matéria prima. Obviamente não houve um controle.
Isso me fez lembrar o caso do laboratório Enila, que fabricava um contrate usado em ressonância magnética.
Em 2003, o Enila fez experiências químicas para transformar carbonato de bário em sulfato de bário - princípio ativo do Celobar, importado da Alemanha -, sem ter o registro necessário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O carbonato de bário é usado como veneno de rato e impróprio para uso humano.
Em maio, o setor de farmácia do Enila encontrou colônias de bactéria próximo ao limite recomendado no lote nº 3040068 e determinou que os 4.500 frascos não fossem comercializados até novo teste. Quando o exame conclusivo apontou para contaminação, os medicamentos já haviam sido distribuídos para todo o País. De acordo com a ação, o químico autorizou a venda do medicamento.
Durante as inspeções no laboratório, a vigilância verificou que o Enila estocou indevidamente grande quantidade de carbonato de bário, além de estar realizando experiências na tentativa de transformá-lo em sulfato de bário, o que pode ter provocado a contaminação. O sulfato, ao ser ingerido, é totalmente eliminado pelo organismo humano, enquanto o carbonato é absorvido e provoca intoxicação.
Pessoas vieram à óbito após usar o contraste. Outra clara negligência do controle de qualidade.
O caso das “pílulas de farinha” aconteceu em 1998 e foi resultado da fabricação do anticoncepcional Microvlar como teste em uma máquina embaladora do laboratório – 600 mil comprimidos chegaram indevidamente ao mercado. Dezenas de mulheres engravidaram indesejadamente. Várias falhas ocorreram na cadeia de controle.
Esses três casos ilustram a importância do nosso trabalho. Temos que ter a consciência de que da nossa atividade, tanto em testes laboratoriais, quanto operacional e documental, depende a saúde e a vida de pessoas e animais. Nossa responsabilidade é colossal. Então é obrigação nossa cumprir as tarefas com esmero e acompanharmos a evolução da nossa área, sempre nos mantermos atualizados, nunca acomodados. E cabe as empresas contratarem profissionais suficientes, equipar laboratórios devidamente, investir em cursos de atualização. Acho até um acinte querer economizar nessa área. Isso pode custar a reputação da empresa. Eu mesma já presenciei situações que considero inaceitável e em conversas com colegas vejo que muito se peca em nome de resultados com baixos custos.
Escrevo esse texto convidando os colegas a uma reflexão: a imensa responsabilidade e importância do nosso trabalho. Façam o seu melhor, defendam seu conhecimento, pois no frigir dos ovos, a culpa de erros como citei caem sobre nossos ombros.
Fonte:
https://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL978213-5598,00-PRESIDENTE+DE+LABORATORIO+PEGA+ANOS+NO+CASO+CELOBAR.html
acessado em 11/09/22
https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2003-07-11/anvisa-cassa-licenca-e-registros-do-laboratorio-enila
acessado em 11/09/22
https://www.conjur.com.br/2008-dez-16/schering_indenizar_vender_pilula_farinha
acessado em 11/09/22
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